"Ó,
quem me dera não sonhar mais nunca
Nada
ter de tristezas nem saudades."
Vinícius
de Moraes
Suado.
Oco.
Atônito e faminto.
Visivelmente perturbado te negava e me aventuro novamente a
dormir.
Naquela manhã sou tão Maiakóvski... “Transtornado, tornado
louco pelo desespero”.
Abro os olhos e o ultrarromantismo de serem salgadas, no
deserto, as minhas fontes, Deus meu, como me há ainda de doer.
Delírio, desisto de fatigá-lo, entojá-lo, socá-lo
em ferro,
em fogo,
em pau,
em pedra...
Desista, tu, de mim, pois não te sou direito nem direto.
Eu quis ser só um sujeito transitivo por aí, mãe,
Vagoso sem verbo, com complemento singular e indefinido.
Naquela noite eu sou subordinada à qualquer
oração ou prece
que me coubesse.
Mas em tudo sou acessório, mãe,
E eu quis teus braços!
Me acorde!
Me acode!
Me sacode!
Mãe, deixe que eu seja um bicho.
Eu não precisei ser integrante.
Deixe eu ser expletivo, vão, qualquer,
Futilizado porém lúcido.
Me deixe qualquer coisa, mãe!
Só não me deixe mais sonhar!
Nathaly Guatura