terça-feira

Rouxinol

Que saibamos deixar ser com naturalidade
Como o invasivo princípio extravasado
Jamais desesperemo-nos pelo passado
E vivamos com a força de uma saudade

A plenitude da felicidade que se conteve
Dentro das palavras ditas pelo teu olhar
E da bela distância que não nos deteve
No ímpeto desta coragem de nos ganhar

Que saibamos deixar ser com naturalidade
Um encontro pelo fio das moiras fadado
Se agora desenlace desprovido de ebriedade
Quiçá pelo irônico e cego acaso propiciado

Que saibamos deixar ser com total naturalidade
Essa estranheza que não cessa em seu manifesto
Que não se deterá tampouco por desespero deste gesto

Que saiba eu, meu amor, respeitar nossa tenra idade
Que a singularidade de nosso repentino e devasso querer
Finde natural maneira surgiu, não sabendo se manter

Que eu seja capaz de suportar ao encontrar a compreensão
De que jamais a naturalidade inibiu da dor, sua total ascensão.
                        
Nathaly Guatura

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