terça-feira

Meu amor já não és

Meu amor já não és,
Acometida farsa minha
Deleitoso sonho meu
Venenosa esmola divina
(Ou que cri, eu, vinda do céus)

Meu amor, já não sou
Eu, que não posso mais.
Sou outro onde posso
Que não sejas jamais
Amor.

É preciso somente que
Não seja eu para que não
Sejas mais amor, amor,
Em mim.

Contudo, já não és
O cuidado que me deste,
O sorriso que fizeste.
Mudou-se que saíste,
Meu amor.

Já não és, meu amor,
A chance que pedi
No momento em que perdi
As estribeiras, amor
Que não, não é meu.

Falho na empreitada
Onde far-me-ia teu
Amor que pediste
Ou que fingiste
Procurar, meu amor
Que não és.

Meu amor já não és.
Foste, mentira linda!
Sincero atraso no dia
Do dia em que seria
O princípio, que não foi.

Não és, brevidade magnífica,
Desordeira meticulosa
Do alheio coração, meu amor,
Que fizeste não mais eu.

Meu amor já não és.
E perdoa-me, pois não posso,
Não dou verso ao desamor.
E bota fé que é com pesar
Que procuro o apagar
Do que não és,
Do que não somos.

Meu amor, já que sim, és
Motivo de rima, de rumo
De tudo no tanto, no entanto
Não és nada.

Meu amor já não és.
Se não existes,
Não existo eu.

Sem consumir-te,
Ausente consumar-te,
Ainda sim, meu amor,
Permanecerás.


Nathaly Guatura

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